Com taxa de transmissão de Covid crescente há 3 meses, Ceará caminha para 3ª onda da pandemia
Pesquisadores avaliam que Estado já mergulha numa nova onda de casos, mas alertam que ainda é cedo para prever impacto

A certeza da chegada de uma 3ª onda de Covid-19 ao Ceará fica, a cada dia, mais próxima. A possibilidade é confirmada pela Secretaria da Saúde (Sesa), por especialistas ouvidos pelo Diário do Nordeste e pelo aumento da taxa de transmissão do coronavírus.
Nonato de Castro, cientista de dados e professor de Computação da Universidade Estadual do Ceará (Uece), opina que o Estado já vivencia uma nova onda de contaminações por Covid. Estudo integrado por ele aponta que a taxa de transmissão (R) cresce há 3 meses.
“Até outubro, o R vinha num comportamento muito bom, chegou a 0,60. De outubro pra cá, vem numa crescente. A tendência é que passe de 1 nas próximas semanas, porque quem se contaminou uma semana atrás vai aparecer agora”, analisa.
>> Entenda como funciona o cálculo do “R”
“R” é a letra que representa o termo “número de reprodução”, que indica, de forma aproximada, para quantas pessoas um paciente infectado com Covid está transmitindo o vírus. O ideal é que se mantenha abaixo de 1. Essa taxa não é divulgada oficialmente pela Sesa.
0,89é a atual taxa de transmissão do coronavírus no Ceará, de acordo com pesquisadores da Uece. Em outubro, o “R” estava em 0,67.
O pesquisador diz que é preciso observar o comportamento da disseminação da doença, na atual onda, para estimar quando será o pico. “Com a abertura no fim de ano, o relaxamento veio. Caminhamos para uma contaminação grande”, afirma. A vacinação, contudo, é um fator atenuante do cenário, ele reconhece.
No início de 2021, um cálculo estatístico feito por Nonato e Antônio Vasques, também docente da Uece, projetou que o pico de casos da 2ª onda de Covid em Fortaleza seria entre os dias 12 e 22 de março. A probabilidade tinha 98% de precisão, e se aproximou do cenário real, cujo pico se estabeleceu na primeira semana de março.
Cautela sobre a terceira onda
O médico Keny Colares, infectologista do Hospital São José (HSJ), explica que o conceito de “onda” é ilustrativo, para facilitar o entendimento da população, “mas que a caracterização rigorosa para dizer quando é ou não uma nova onda não é definida”.
“Está se esboçando, da mesma forma que nos outros países, uma elevação mantida de casos no Ceará. E se há aumento mantido e significativo, pode ser uma nova onda”, descreve.
FONTE; Diário do nordeste